Técnico de manutenção morre dentro das dependências da VIVO
Técnico de manutenção morre dentro das dependências da VIVO
Publicado: 28 Outubro, 2020 - 08h07
Escrito por: Federação Livre - Redação

O técnico de manutenção predial terceirizado da Operadora Vivo, Francisco Marcelino (o Chico), 49 anos, morreu na manhã dessa segunda-feira (26), dentro das dependências do prédio da Operadora, na avenida Getúlio Vargas, centro de Porto Velho, Rondônia. Apesar de socorrido pelos funcionários da Vivo e a equipe do SAMU, que tentaram reanimá-lo, o técnico não resistiu. Entretanto, seu corpo ficou, aproximadamente, cinco horas estendido no chão da copa – que fica sob a escada de entrada do prédio – até que fosse retirado do local. O velório foi feito em sua casa, com a família, e o enterro aconteceu na manhã de hoje.
Momentos antes da fatalidade, o funcionário falou para uma colega que não estava se sentindo bem. Foi colocado em uma cadeira na copa, mas em seguida caiu, sendo socorrido pelos colegas que tentaram reanimá-lo enquanto a equipe do SAMU chegava.
Infelizmente não foi possível reanimá-lo e veio a óbito. Além da dor e da triste surpresa da perda do colega de trabalho muito querido, os/as trabalhadores/as tanto da Vivo, quanto da loja anexa ao prédio, tiveram de conviver e ou passar pelo constrangimento de presenciar, por aproximadamente 5 horas, o corpo de Chico – como era conhecido – estendido no chão, até que fosse providenciada a sua remoção.
A fatalidade ocorreu no período da manhã, por volta das 10 horas. A Empresa sequer dispensou os/as trabalhadores/as e nem cerrou as portas da loja no período da tarde para que todos se recuperassem do choque ou até em respeito aquele trabalhador morto. O trabalho continuou normalmente, até que por volta das 16 horas o corpo foi levado para o Departamento Médico Legal.
O diretor do Sinttel-RO e da Federação Livre, João Anselmo de Oliveira Cavalcante, esteve no local e presenciou o desconforto e a tristeza dos/as trabalhadores com o ocorrido.
Já o presidente do Sinttel-RO, Evaniel Medeiros de Brito, recebeu reclamações dos trabalhadores da loja e comunicou o fato ao gerente de relações trabalhistas e sindicais da Telefônica Brasil, em São Paulo, Márcio Aparecido Afonso. ” A iniciativa foi necessária, já que a Vivo em Rondônia está sem gerente, que foi transferido, e a gerente da loja está de férias”, revelou Evaniel.
“O descaso é o mínimo que podemos dizer do fato lamentável de os colegas terem de continuar trabalhando com o corpo do companheiro estendido no chão. Muitos companheiros ficaram em estado de choque, pois ainda trazem em si a humanidade”, resumiu Evaniel.
Para ele, esse episódio triste ocorrido no interior da empresa de telefonia VIVO o fez recordar um outro acontecimento, em agosto de 2020, numa das lojas do hipermercado Carrefour: A morte súbita de um trabalhador durante a atividade laboral e a permanência do corpo estendido no chão, fato amplamente difundido nas redes sociais e tema de reportagem da revista Carta Capital, em seu site https://www.cartacapital.com.br/opiniao/a-banalizacao-da-morte-e-parte-do-pacote-neoliberal/.
“A diferença entre os casos talvez esteja no fato de que um estava estendido em local público, onde os clientes transitavam e por isso precisou ser coberto ou protegido por guarda-sóis e o outro em um local onde apenas os colegas de trabalho tinham acesso ou transitavam, portanto não havia a necessidade de encobri-lo”, lamentou o presidente do Sinttel-RO.
E criticou: “O Sistema capitalista tem esta característica de DESUMANIZAR, assim como ocorreu no hipermercado do Carrefour de Recife-PE quando o trabalhador terceirizado Moisés Santos sofreu um ataque cardíaco, vindo a falecer no local e, a empresa optou por encobrir o corpo de Moisés entre guarda-sóis, isolando aquele corredor onde se encontrava o corpo”.
Para Evaniel o caso da VIVO talvez a frieza tenha sido tão cruel quanto o isolamento com guarda-sóis feito pelo Carrefour. “Mas é preciso apurar os fatos. Verificar se os exames periódicos estavam sendo realizados, se havia sobrecarga de trabalhado, enfim investigar as causas desta morte súbita”, destacou o sindicalista.