Escrito por: CUT

CUT formaliza denúncia ao MPT sobre demissões no shopping

CUT formaliza denúncia ao MPT sobre mais de uma centena de demissões ocorridas no Porto Velho Shopping

 

Na manhã desta sexta-feira a Central Única dos Trabalhadores (CUT-RO) formalizou ao Ministério Público do Trabalho (MPT), nos autos do Inquérito Civil nº 000614.2018.14.000/4, uma denúncia de que o Porto Velho Shopping teria efetuado uma demissão em massa de mais de uma centena de trabalhadores, nesta quinta-feira (09), especialmente todos do setor de limpeza e conservação. Há denúncias, não comprovadas ainda, de que até trabalhadores afastados pelo INSS, de atestado por cirurgia e outros tipos de estabilidade teriam sido sumariamente demitidos.

O Inquérito Civil no MPT foi instaurado em dezembro de 2018, por solicitação da Central Sindical, para investigar os impactos da mudança da jornada de trabalho dos funcionários da limpeza e conservação, de 7h20 diárias, sendo seis dias de trabalho e um de folga, pela jornada de 12 horas contínuas de trabalho por 36 de descanso. Estudos indicam que jornadas superiores à de 8 horas diárias e 44 horas semanais podem aumentar assustadoramente o número de acidentes e doenças ocupacionais.

O próprio Tribunal Superior do Trabalho (TST) já editou em 2012 a Súmula nº 444 restringindo o uso deste tipo de jornada, considerando ela como de caráter excepcional. Após a vigência da Reforma Trabalhista, que liberalizou e flexibilizou um grande número de artigos da CLT, incluindo os referente a jornada, o Porto Velho Shopping impôs a mudança da jornada, sem considerar o caráter excepcional dela, não tendo realizado nenhum estudo de impacto sobre a saúde dos trabalhadores.

A chamada jornada 12x36 sempre foi polêmica por décadas sendo admitida inicialmente na função de vigilante, posteriormente na área da saúde e plantonista. Ela é totalmente contraindicada para atividades que exigem movimentos repetitivos e esforço físico, como limpeza/conservação e construção civil. Tal mudança teria causado um rápido surgimento de doenças ocupacionais, em curto período de tempo, bem como agravamento das já existentes.

Para CUT a demissão em massa é uma espécie de “confissão” do Porto Velho Shopping de que a mudança da jornada foi incorreta e uma demonstração de que a empresa estaria tentando se eximir das responsabilidades sobre dezenas de trabalhadores possivelmente acometidos de doença ocupacional.

A Central Sindical sugeriu ao MPT a realização de uma audiência, visando formalizar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), convocando o Porto Velho Shopping e a empresa terceirizada, que seria a Cristal Clim; além do Sindicato dos Hoteleiros (atuais funcionários), Sindicato dos Terceirizados - SINTELPES (novos funcionários), CUT e uma comissão de trabalhadores demitidos. Tal audiência teria, entre seus objetivos: a garantia dos direitos dos trabalhadores adoecidos, negociação coletiva sobre as demissões e a não utilização da jornada de 12 x 36 pela empresa terceirizada.

Fonte: Assessoria da CUT-RO.